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Kirkham: reconheça o que é bom e guarde com você

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James Kirkham nasceu em Canterbury, município de Kent, na Inglaterra, há 37 anos. É o “Head” global de social & mobile da Leo Burnett Worldwide, literalmente o cara que pensa a área dentro do grupo. Fundou a Holler – empresa de conteúdo digital comprada pelo Grupo Publicis e incorporada à Leo Burnett Worldwide em 2012. Hoje é referência no mundo Mobile e, nesta entrevista, fala um bocado de celulares. Mas confessa que queria mesmo é ser artista.

Você queria ser pintor, artista. Quando descobriu que era criativo?

Kirkham – Acho que comecei a me sentir criativo quando tinha uns 16 anos, pintando e desenhando e usando técnicas mistas nas minhas aulas de arte na escola. Tornou-se minha aula favorita da semana, eu adorava buscar inspiração explorando novas técnicas e estudando história da arte também. Me liguei especialmente no cubismo e em como todos aqueles grandes artistas brincavam com objetos, natureza morta, e usavam a luz para criar composições emocionantes. Isso definitivamente ficou comigo, e eventualmente voltou a me inspirar quando descobri a multimídia, alguns anos depois.

Que tipo de infância você teve?

Kirkham – Minha infância foi muito livre, o que ajudou a estimular a criatividade, mas muito provavelmente estive cercado de criatividade sem sequer me dar conta disso. Meu pai era um comerciante de antiguidades, e enchia a casa de pinturas, gravuras, objetos antigos e objetos que arrematava em feiras, leilões e afins. Minha mãe me encorajava a ser criativo no desenho, na escrita, e me ajudava lendo em voz alta – acredito que daí vieram minhas habilidades para fazer apresentações.

Como você foi parar em Mobile? O que em Mobile o atraiu e atrai?

Kirkham – O celular acaba de se tornar o meio de acesso numero um à internet. É o objeto que mais tocamos, mais do que qualquer outra coisa, e que todos os dias checamos centenas de vezes. Ele nunca está mais longe do que a alguns centímetros da sua mão. Ele tem recursos para nos ajudar a chegar a lugares, ler resenhas, facilitar nossas viagens, comprar, avaliar coisas. É o meio usado pelas crianças para acessar e entender a internet hoje. É impossível não se envolver, e meu objetivo sempre foi desmistificar o mobile, fazer dele algo muito mais simples, do ponto de vista comportamental. Enxergá-lo menos como uma tecnologia estranha e diferente, e mais como parte de tudo o que fazemos.

O celular nem sempre foi como o conhecemos. Estamos vivendo o melhor momento até hoje?

Kirkham – Sim, finalmente estamos bem no coração da “era mobile”. Depois de muitos falsos começos e crepúsculos, estamos no momento em que as pessoas realmente colocam o mobile em primeiro lugar.

O melhor ainda está por vir?

Kirkham – Este é só o começo. A revolução do mobile para o “wearable”, o mobile que se pode vestir e utilizar de maneira mais orgânica, é a próxima grande onda. Ainda é meio desajeitado usar duas telas em mobile, ou checar a hora tirando o celular do bolso. Fazer isso de um jeito mais harmonioso e perfeito é o próximo grande estágio da evolução do mobile.

Por que as pessoas se apaixonam pelos seus celulares?

Kirkham – Porque têm relaciomentos mais fortes com eles do que com qualquer outra coisa. Elas simplesmente o usam, olham, tocam, vêem, escutam, sentem mais do que qualquer outra coisa no mundo. Nenhuma pessoa é capaz de resistir a algo tão próximo. É impossível de ignorar e ao mesmo tempo algo muito difícil de mudar.

Quando isso é bom e quando se torna um problema?

Kirkham – É um problema quando pais passam menos tempo com os filhos ou não conversam mais na mesa do jantar porque estão mexendo em seus celulares. Eles jamais poderão substituir a interação humana entre as famílias. Já se tornou um substituto do bate-papo rotineiro com os amigos, uma vez que todos sabem o que os amigos estão fazendo, o tempo todo.

Você é viciado no seu celular?

Kirkham – Provavelmente sim.

Que coisas estranhas as pessoas podem fazer com seus celulares?

Kirkham – Gosto das coisas que nascem naturalmente de comportamentos novos. Por exemplo, nos Estados Unidos nasceu um jogo que é o seguinte: os jovens saem todos para jantar e colocam seus celulares no centro da mesa de jantar. Deixam tocar, vibrar, o que for, e o primeiro que não resistir e pegar o seu, paga a conta integral. Isso é bacana.

Propaganda em mobile: como fazer sem encher o saco das pessoas?

Kirkham – Em primeiro lugar é pensar em marcas e utilidade. É preciso pensar em como uma marca pode ajudar você. Adoro o exemplo da promoção que a Leo Burnett Tailor Made fez em São Paulo para lançar o filme Capitão América. Usando a plataforma do Waze, indicou como chegar aos cinemas evitando os engarrafamentos. É uma promoção e uma utilidade ao mesmo tempo, e representa o futuro desse tipo de comunicação.

O que é novo na propaganda mobile?

Kirkham – Criatividade em mobile é ser esperto usando o aparelho, não resignificá-lo. É encontrar o que há no mobile capaz de levá-lo a um outro patamar, e, mais importante, que seja humano, que tenha eco junto às pessoas.

Que ações de publicidade em mobile você considera realmente inovadoras, hoje?

Kirkham – Qualquer coisa que expanda a minha vida, dê a ela uma nova dimensão. Propaganda que reaja ao clima que está fazendo lá fora, por exemplo, exatamente no momento em que eu falo do assunto com alguém. Isso funciona. Propaganda que me mostre o que mais eu posso fazer para curtir uma marca no exato momento em que assisto ao seu comercial na TV. Isso funciona. Propaganda que saiba que produtos me atraem quando entro em uma loja, isso funciona. O mobile tem o poder de fazer isso, e não se trata de ser intrusivo, mas de encontrar a hora certa, o momento perfeito e a maneira mais inteligente de falar com você.

O que você faria se não trabalhasse com o que escolheu?

Kirkham – Seria artista. Ou comercializaria arte. Ou trabalharia numa gravadora.

Que livros você leu recentemente?

Kirkham – Bogged Down in County Lyric: Memoirs v. 3 – de Peter Kinsley. E The story of the streets, de Mike Skinner.

E filmes, quais tem assistido?

Kirkham – Viajo muito, por isso vivo em aviões, onde assisto a filmes. Adorei Argo e e não sei como não tinha ouvido falar dele antes. Gostei também de O lobo de Wallstreet, Nebraska, Frank…

Você se acha criativo, hoje?

Kirkham – Me sinto muito criativo por dentro, mas menos no dia a dia, nos negócios. Quanto tiro da cabeça os processos de trabalho diários, me torno criativo novamente. Tenho uma casa em Ibiza, na região rural, e quando estou por lá no meu pomar, ao sol, ouvindo música, me torno bem mais criativo do que sou capaz de ser quando estou trabalhando.

Criatividade se ensina? Se aprende?

Kirkham – Criatividade é algo com que se nasce, e certamente se aprende ou se adquire ao crescer. Não pode ser totalmente ensinada, mas ensinar pode ajudar a tornar as pessoas mais criativas. Porque pode-se internalizar certas lições. Um professor que eu tive há muito tempo me disse coisas e me ensinou regras que podem ser aplicadas até hoje. Ele disse: “reconheça o que é bom, e guarde com você”. É uma grande lição de criatividade. A habilidade de reconhecer e apreender o que funciona bem.

Confira os dois primeiros episódio da série “The Kirkham Five”, criada pela Leo Burnett Worldwide:


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